domingo, 22 de dezembro de 2013

Ler um livro impresso ou na tela do computador?


É  outro tipo de interação quando tenho um livro nas mãos, em vez de ler na tela do computador...
Interação que vejo realizada por meio dos cinco órgãos dos sentidos. Com os olhos (visão), naturalmente, vendo as letras e o que há por trás das letras, seja na realidade ou na imaginação; com os ouvidos (audição), percebendo o som da própria voz quando preciso ler em voz alta, ou “ouvindo a voz” das personagens de um livro, ouvindo a música que me rodeia, ou o que a minha mente produz. Com a pele (tato), sentindo o lápis na mão, querendo escrever o que li, imaginei, ouvi, senti, vivi; com a mão segurando o livro e sentindo o seu peso concreto (livro pesado) ou abstrato (conteúdo “pesado”), sentindo o arrepiar do medo, do gozo, da náusea a partir do conteúdo lido. Com o nariz (olfato), sentindo o cheiro do livro (novo ou velho?), sentindo o perfume (ou o mau cheiro) das idéias “cheirosas” de seu enredo, sentindo o ar no “ar”; e com o paladar da boca ou da alma, quando molho a ponta do dedo indicador na língua para virar as páginas do livro ou quando gosto do que leio, volto a ler o lido, escrevo um trecho lido, gozo daquela atmosfera proporcionada pela leitura; sonho com o lido, quero viver o lido... Isso tudo, enfim, não é o saber-sabor? É a nossa capacidade de imaginar (pensar por imagens) um canal precioso na produção desses sentidos, que organiza a nossa visão do mundo e dá a ela o conteúdo, forma, emoção.
E essa visão de mundo só faz sentido quando mantemos com ele uma relação sensível, crítica, criadora, afetiva, prazerosa e feliz. (Diva Lea Batista da Silva)

Nenhum comentário:

Postar um comentário